IGREJA CRISTÃ NA CHINA
CONHEÇA A REALIDADE DOS PASTORES CHINESES
Com o crescimento econômico que a China vem atravessando ao longo dos
anos, a população tem se mostrado mais gananciosa. O egoísmo e o interesse
estritamente material tem impactado diretamente na expansão do evangelho. O
amor, cada vez mais raro, é o fator de maior necessidade no país
Não é um trabalho muito fácil seguir
e servir a Cristo em das cidades mais modernas e populosas da China; pastores
enfrentam verdadeiros desafios em suas congregações. Essa é claramente a
situação em que vive o pastor Fai e sua família. Como um típico pastor da China
moderna, governo não é mais o seu maior inimigo; agora, o problema é o
dinheiro.
Fai tem baixa estatura e expressão
severa; em sua juventude passou por um período cético antes de entregar sua
vida inteiramente ao Senhor. Depois de um tempo de aprendizado da Palavra de
Deus foi convidado a pastorear uma pequena igreja. Porém, não se sentindo
preparado para tamanha responsabilidade, decidiu, antes de assumir a liderança
daquele grupo, estudar em um seminário em Singapura pelo período de um ano.
Em um depoimento, Fai resume bem as
lutas que pastores chineses enfrentam todos os dias. “Na mente de alguns
líderes locais, estar à frente de uma igreja é simplesmente cumprir uma tarefa:
aumentar o número de pessoas que frequentam o culto e administrar a igreja de
maneira eficaz. Quando o supervisor da sua igreja percebe que você traz mais
pessoas aos domingos e lida bem com as finanças, ele gosta do seu trabalho. Mas
ele não avalia se os cristãos mantém um bom relacionamento com Deus e em
comunidade de segunda a sábado”.
Fai acrescenta ainda que, “embora o
ministro deva cumprir, principalmente, a missão de pregar o evangelho, nós não
queremos que nossa igreja seja vista dessa forma, somente. Tradicionalmente, os
chineses não se importam com o crescimento espiritual da igreja, suas relações
pessoais e suas experiências com Deus. Até nossa congregação, no início, adotou
essa mesma medida. Mas, estudando a Bíblia, nós descobrimos que Jesus nos
chamou para fazermos discípulos do evangelho”. As pessoas precisam conhecer
verdadeiramente a Deus.
Os
desafios da Igreja chinesa
Ao falar dos desafios do cristianismo
no país, Fai comentou suas dificuldades no ministério e admitiu sua
vulnerabilidade diante dos próprios problemas pessoais e familiares, assim como
a necessidade dos membros de sua igreja. “Como antes era um homem de coração
duro, eu ainda estou no processo de conhecer o amor de Deus em minha vida.
Felizmente, hoje tenho dois filhos que me ensinam, cada dia, como praticar esse
amor. Quanto melhor eu entender a misericórdia e carinho de Deus por nós, mais
capaz serei de explicá-lo aos demais que precisam dele”.
Entretanto, como pastor, Fai se
preocupa quanto ao salto econômico que está em curso na China. “Com o aumento
da renda, as pessoas só querem ganhar mais e mais dinheiro. Isso tem feito com
que elas julguem as coisas pelo seu valor monetário. Sua mentalidade
materialista está cada vez mais difícil de ser revertida, o que tem se tornado
um problema profundamente enraizado na alma dos chineses”.
Ele acredita que a Revolução Cultural
- o "desastre de dez anos" -, como muitos chineses a chamam, destruiu
os bons valores da China, uma vez que mexeu com a confiança da população.
“Somente através da Palavra de Deus e sua própria confiança no Senhor é que os
cristãos podem lidar com essa questão de dinheiro”, completou Fai.
Ensinando sobre o modo de vida
cristão, apenas, não ajuda muito. “Todos sabem o que e como deveriam ser. Mas
nas igrejas, hoje em dia, está tudo muito complicado. Existem diversas
atividades e aulas para que os novos cristãos se desenvolvam mais rapidamente,
antes mesmo de aprender a servir. Desse modo eles, infelizmente, caem em uma
armadilha. Essa história de que é preciso primeiro estar ‘maduro na fé’ para
depois servir não funciona. Na verdade, servindo é que crescemos em
conhecimento espiritual”.
“Essa é a minha realidade”, explica
Fai. “Quando eu entro em uma igreja como observador, eu me pergunto: ‘Nós
estamos promovendo eventos ou formando discípulos?’ Porque se nós não estamos
fazendo seguidores do Senhor, qual é o sentido de continuarmos sendo uma
igreja?”
O pastor Fai não enfrenta perseguição
direta mais (embora sofra com o controle do governo). Porém, a perseguição
começou há dez anos, logo que ele assumiu a liderança da igreja. “Isso não
deveria ser um problema”, disse ele. “A perseguição tem ajudado o crescimento
do cristianismo na China. Mas o sucesso da igreja chinesa não depende
exclusivamente desse fator. Se não sofrêssemos por amor a Cristo, como iríamos
fazer? Em todas as circunstâncias devemos cumprir o chamado de Jesus e fazer
discípulos!”
*Nomes foram alterados por medida de
segurança.
Tradução Ana
Luíza Vastag
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